terça-feira, 27 de novembro de 2012

Só hoje ...

Só hoje eu não dormirei inebriado de teu doce sorriso
Apenas por esta noite calarei a paixão e ouvirei os berros da razão
Hoje eu decidi te descer do pedestal, te tirar do altar, parar de te endeusar
Não, hoje eu vou dar asas a teus erros, e não os impedirei de te fazerem cair

Eu tão pouco hoje pretendo desculpar-me das minhas razões tão sábias em mim, tão ininteligentes para ti
Nem pretendo atenuar minha austeridade quase européia com tuas sempre cabíveis explicações
Ora, deixe disso!
Pare! Te cale! Viva mais, muito mais... fale cada vez menos, do que sente
Se é que sente
Sente-se e sinta
Sinta-se pois então, e sente-se

Espere que a vida demonstre por si só que és
Não se afirme para mim
Tua voz não me é audível
Não te gosto porque falas
Gosto-te então por existir-te

Me canso de se eu mesmo
Mas estou condenado a uma existência na forma de mim mesmo
Então me ponho a me tolerar
E venho fazendo-o com sucesso

Te gosto
E como gosto
Mas me amoleces o coração em rápidas agulhadas
Penetraste fundo nas estranhas ressecadas e amarguradas de mim
És puro, doce, sutil

Em bora não mais virgem da carne
Ainda virgem n'alma
E eu penetro grosseiramente nesta alma
Quase que numa forma de estupro
Pro teu bem
Para que acordes por quem te bem quer
Antes do susto de quem te desgosta

Amo-te
E apenas isso resta para findar-me nestas linhas sem nexo.

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